terça-feira, 26 de maio de 2009


Tu Que Me Cuidas




O que vês- "Tu que me cuidas"- o que vês?
Quando me olhas, o que pensas?
"Uma velhinha rabujenta, um pouco doida.
Olhar perdido, que já não está aqui".
Que quando se baba quando come e não te responde.
Que quando dizes com voz forte-Faça um esforço, despache-se!
Parece não prestar atenção ao que tu fazes.
E não para de perder os sapatos e as meias.
E que dócil, ou não te deixa fazer o que tu queres:
-O banho, as refeições, para ocupar o longo dia cinzento.


É isso que pensas, é isso que vês?
Então abre os olhos, porque essa não sou eu.
Vou dizer-te quem sou, muito calma ali sentada,
Caminhando ás tuas ordens, comendo quando queres.
Sou a mais nova de dez irmãos com um pai e uma mãe,
Com irmãos e irmãs que se amam entre si.
Uma jovem de 16 anos, com asas nos pés,
Sonhando em breve encontar o seu noivo!
Casada aos vinte anos:"O coração transborda de alegria,
ao recordar os votos que fiz naquele dia".


Agora tenho 25 anos e um filho,
Que precisa de mim para lhe dar um lar.
Uma mulher de 30 anos! O meu filho cresce depressa.
Estamos ligados um ao outro por laços eternos.
Quarenta anos, em breve ele não estará aqui,
Mas o meu marido está ao meu lado e protege-me.


Cinquenta anos! Brincam de novo bébés á minha volta:
De novo com crianças, eu e o meu bem -amado.
Mas chegam os dias escuros, e o meu marido morre.


Olho o futuro, tremendo de medo,
Porque os meus filhos estão ocupados a cuidar dos seus,
E penso nos anos e no amor que conheci.


Agora estou velha, a natureza é cruel,
Diverte-se a fazer a passar a velhice por loucura.
Existe uma pedra onde habitou um coração.......
Mas dentro desta velha caracaça, a jovem permanece
Com um velho coração que bate sem descanso.


Recordo as alegrias....recordo as dificuldades.
E sinto de novo a vida......e amo.
Relembro os anos tão breves num ápice passados
E aceito a verdade implacável de que nada é eterno.


Então abre os olhos-"Tu que me cuidas"- e olha.....
Não a velha rabugenta!
Olha melhor, e verás quem sou!







Traduzido e adapatado de um texto de um boletim da Caritas-Genebra.
(Este poema foi encontrado entre pertences de uma idosa Irlandesa após a sua morte)


Sem comentários: