sexta-feira, 3 de julho de 2009

CUIDAR

A História do Beija-Flor

Conta-se que,certo dia, houve um incêndio na floresta e que todos os animais se puseram em fuga.
Todos, excepto o beija-flor. Ia e voltava, ía e voltava, trazendo uma gota de água no bico, que deixava cair sobre as labaredas e a terra calcinada. E, quando um dos animais o interpelou, dizendo que era impossivel extinguir o fogo daquele modo, o beija-flor respondeu:"Eu sei que não saõ estas gotas que vão apagar o fogo, mas eu faço a minha parte......................................................................................................................

terça-feira, 26 de maio de 2009


Tu Que Me Cuidas




O que vês- "Tu que me cuidas"- o que vês?
Quando me olhas, o que pensas?
"Uma velhinha rabujenta, um pouco doida.
Olhar perdido, que já não está aqui".
Que quando se baba quando come e não te responde.
Que quando dizes com voz forte-Faça um esforço, despache-se!
Parece não prestar atenção ao que tu fazes.
E não para de perder os sapatos e as meias.
E que dócil, ou não te deixa fazer o que tu queres:
-O banho, as refeições, para ocupar o longo dia cinzento.


É isso que pensas, é isso que vês?
Então abre os olhos, porque essa não sou eu.
Vou dizer-te quem sou, muito calma ali sentada,
Caminhando ás tuas ordens, comendo quando queres.
Sou a mais nova de dez irmãos com um pai e uma mãe,
Com irmãos e irmãs que se amam entre si.
Uma jovem de 16 anos, com asas nos pés,
Sonhando em breve encontar o seu noivo!
Casada aos vinte anos:"O coração transborda de alegria,
ao recordar os votos que fiz naquele dia".


Agora tenho 25 anos e um filho,
Que precisa de mim para lhe dar um lar.
Uma mulher de 30 anos! O meu filho cresce depressa.
Estamos ligados um ao outro por laços eternos.
Quarenta anos, em breve ele não estará aqui,
Mas o meu marido está ao meu lado e protege-me.


Cinquenta anos! Brincam de novo bébés á minha volta:
De novo com crianças, eu e o meu bem -amado.
Mas chegam os dias escuros, e o meu marido morre.


Olho o futuro, tremendo de medo,
Porque os meus filhos estão ocupados a cuidar dos seus,
E penso nos anos e no amor que conheci.


Agora estou velha, a natureza é cruel,
Diverte-se a fazer a passar a velhice por loucura.
Existe uma pedra onde habitou um coração.......
Mas dentro desta velha caracaça, a jovem permanece
Com um velho coração que bate sem descanso.


Recordo as alegrias....recordo as dificuldades.
E sinto de novo a vida......e amo.
Relembro os anos tão breves num ápice passados
E aceito a verdade implacável de que nada é eterno.


Então abre os olhos-"Tu que me cuidas"- e olha.....
Não a velha rabugenta!
Olha melhor, e verás quem sou!







Traduzido e adapatado de um texto de um boletim da Caritas-Genebra.
(Este poema foi encontrado entre pertences de uma idosa Irlandesa após a sua morte)


segunda-feira, 25 de maio de 2009

"VELHOS DE LISBOA"


Em suma:somos os velhos,
cheios de cuspo e conselhos,
velhos que ninguém atura
a não ser a literatura

E outros velhos. (os novos afirmam-se por maus modos com os velhos). Senectude
é tempo não é virtude.....

Decorativos? Talvez.....
Mas por dentro"era uma vez...."

Velhas atrozes, saídas
de tugúrios impossíveis, disparam, raivoso o dente,
contra tudo e toda a gente.

Velhinhas de gargantilha
Visitam o neto, a filha,
e levam bombons de creme
ou "palitos de la reine".

A ler p´lo sistema Braille
Ó meu senhores escutai!
um velho tira dos dedos
profecias e enredos.

Outros mijam, fazem esgares,
têm poses e vagares
bem merecidos. Nos jardins,
descansam, depois, os rins.

Aqueloutros (os coitados!)
imaginam-se poupados
pelo tempo, e ás escondidas
partem p´ra novas sortidas.....

Muito digno o reformado
perora, e é respeitado
na leitaria:"A mulher
é em casa que se quer"!

Velhotes com mais olhinhos
que tu, fazem recadinhos,
pedem tabaco ao primeiro
e mostram pouco dinheiro.....

E os que juntam capicuas
e fotos de mulheres nuas?
E os tontinhos, os gaiteiros,
que usam cravop e põem cheiros?

(Velhos a arrastar a asa pago bem e vou a casa)

E a velha que se desleixa
e morre sem uma queixa?
E os que armam aos pardais
nessas hortas e quintais?

(Quem acerta co´os botões
deste velho? Venha a cidade
ajudá-lo a abotoar
que não faz nada de mais!)

Velhos, ó meus queridos velhos,
saltem-me para os joelhos:
vamos brincar?




Poema de
Alexandre O`Neill

mitos, atitudes, estereótipos


"......imagem que fazemos deles, é a do sábio, aureolado de cabelos brancos, rico em experiência e vulnerável, que domina do alto a condição humana;
........a imagem oposta é a do velho louco que não raciocina e que divaga e de quem os filhos se riem.
De uma maneira ou outra, situam-se fora da humanidade....."

Simone de Beauvoir

domingo, 24 de maio de 2009


Era uma vez uma velhinha
Quase cega coitadinha!
Já mal podia andar,
Encostada ao seu bordão,
Olhando sempre para o chão.
Ía na estrada a passear,
Ouviu um cão que ladrou;
A pobrezinha parou,
Olhando em roda assustada!
Nisto apareceu uma menina,
Viva, formosa, ladina,
Que ao vê-la caída no chão,
Carinhosa deu-lhe a mão:
"Eu levanto avozinha
E a levo á sua casinha.
O que lhe dói? O que tem?
Que eu peço á minha mãe".
-Não foi nada, meu amor,
Tu és um anjo, uma flor,
Ajuda-me só a andar.
Deus pague tua bondade,
Com muita felicidade
-Diz a velhinha a chorar. Lugar de recolha-Telões)


O meu Mar!


Uma outra fase da minha vida, segundo Erike Erikson, a vida são ciclos ou fases que se completam ou não, senti que completei uma, gostaria na fase da Sabedoria, conseguir avaliar bem, o que fiz e encontrar satisfação por ter vivido como vivi!
Minha cidade foi o meu berço, influenciou e deixou na caverna da memória as mais honestas e transparentes vivências.
Vivo em Esmoriz há trinta anos, nunca consegui identificar-me, enraizar-me, só mesmo o Mar, é meu aliado; só mesmo Ele e que consegue, e conseguiu sempre transmitir-me serenidade e bem estar, ora com a sua tranquilidade, ora com a sua inquietude.
Sinto um grande apego a Coimbra, faltou-me tempo, para acabar de amadurecer no meu "meio", saí abruptamente....Gostaria de ter feito a minha licenciatura, quem sabe se não a farei ainda lá? Pois gostaria de viver a minha velhice na minha terra natal.

Por vezes a avaliação da minha existência é negativa, falta-me qualquer coisa de valor, modificar escolhas e poções........